25 maio, 2015

A II Conferência de Segurança Alimentar de Serrinha pautou os desafios e avanços do debate sobre alimentação no município

Por Daiane Almeida - Comunicadora Popular


Com o tema “Comida de verdade no campo e na cidade: Por direito e cidadania” teve início a Conferência de Segurança Alimentar e Nutricional no município de Serrinha, na tarde do último dia 21, no prédio da Funasa.  Estiveram presentes representantes da sociedade civil e do poder público debatendo os seguintes eixos temáticos: eixo 1 : Comida de verdade: avanços e obstáculos para a conquista da alimentação adequada e saudável e da soberania alimentar; eixo 2: Estratégias em andamento para a conquista da comida de verdade no âmbito local, 4 estadual, regional, nacional e internacional e no eixo 3: Aperfeiçoamento e ampliação do Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional: pacto federativo, participação social e intersetorialidade.

O município tem avançado na constituição de espaços essenciais como o Conselho de Segurança Alimentar e Nutricional, no ano de 2004. Atualmente está em processo de adesão ao Sistema de Segurança Alimentar e Nutricional (SISAN) e formou o Grupo Governamental de Segurança Alimentar (GGSAN). Durante o ano de 2011 foi realizado um curso de formação para agentes municipais e no ano de 2012 um diagnóstico, que identificou as irregularidades na forma como os alimentos eram expostos na Feira Livre. A partir de então a feira foi reorganizada.

Kamilla Santos (MOC)
Kamilla Santos, representante do MOC ficou responsável por abordar o significado da temática central da conferência, em sua fala abordou as diferenças entre os níveis de insegurança alimentar, que podem ser leve, moderada e grave, levantou avanços importantes em nível nacional, como a saída do Brasil do mapa da fome, a inserção do direito a alimentação na Constituição, a criação programas como o PAA e PNAE, entre outros.

Desafios - A II Conferência foi um espaço importante para se reconhecer a necessidade de avançar em outros aspectos, como a construção do Plano Municipal de Segurança Alimentar, e consequentemente na dotação orçamentária do poder público municipal para executá-lo.

Há também avanços consideráveis no campo do armazenamento de água para a produção de alimentos através de tecnologias sociais de captação de água da chuva, como as cisternas, barreiros, barragens entre outros, construídos por entidades da sociedade civil como a APAEB Serrinha, através do Programa Uma Terra e Duas Águas e o poder público
.
Nubia Silva (Vice-pres. do COMSEA-SHA)
Nubia Silva, vice-presidente do COMSEA trouxe uma reflexão acerca da discussão sobre alimentação no país e em Serrinha. “O governo Lula trouxe uma preocupação com a erradicação da miséria.  Já havia estudos como o mapa da fome, mas nenhum governo tinha pensado políticas e de lá pra cá só foi conquistas. A gente já tem o Sistema de Segurança Alimentar e Nutricional (SISAN) no estado e em Serrinha podemos dizer que tem uma política pública que contempla o conselho, e o grupo governamental. Uma segunda etapa é a elaboração do plano. O nosso objetivo aqui é tratar estratégias para esse plano. Todos tem que assumir o esforço para que toda a população que está aí tenha acesso a alimento em quantidade e qualidade.

“O grupo governamental (GGSAN) está precisando correr atrás do tema, vamos procurar já na próxima semana nos reunir e ver o plano municipal e buscar os aportes financeiros”, disse Jorge Gonçalves, secretário de Saúde do município e membro do GGSAN.
Tereza Rocha e Silvaney Santiago
(ambos APAEB e COMSEA- Serrinha)


Silvaney Santiago, membro do Conselho e representante da sociedade civil, através da APAEB Serrinha, debateu o eixo 2. O debate girou em torno dos avanços e obstáculos para se atingir uma alimentação saudável.

Os três eixos foram debatidos e ao final os grupos levantaram propostas que deverão ser encaminhadas para as etapas territorial e estadual das Conferências. Também foram eleitos os delegados/as da sociedade civil e poder público que participam dessas etapas.


Entre as diversas propostas que surgiram nos três eixos, estão a realização de um novo diagnóstico que identifique a situação da insegurança alimentar no município, a ampliação das tecnologias de armazenamento de água para produção de alimentos, regularização das terras das famílias agricultoras, produção de campanhas educativas, entre outras.

Durante os dois dias do evento foi montado um pequeno stand onde as agricultoras que participam da Feira Agroecologica do município comercializaram seus produtos.

























.





17 abril, 2015

Agricultora afirma ter 100% de aprendizado em curso do P1+2

Por Daiane Almeida
Comunicadora Popular da ASA



Aprendendo a fazer a bandeja de mudas
Quando agricultores e agricultoras se encontram para partilhar seus conhecimentos e aprendizagens novos conhecimentos são construídos. Assim tem sido a rotina dos cursos do Programa Uma Terra e Duas Águas.  Hoje (17) se encerra mais um curso de Manejo de Sistema Simplificado de Água para Produção (SISMA), que está acontecendo na Comunidade Canto, em Serrinha. 




Maria Neuza
Com a facilitação do agricultor experimentador Abelmanto Carneiro, as famílias puderam conhecer técnicas que contribuem para um uso econômico da água, além de técnicas de controle de pragas e produção de adubos orgânicos. Hoje a turma irá conhecer formas de fazer enxertos em plantas.

A agricultora Maria Neuza Cruz, da Comunidade Cobiça, Teofilândia, esteve atenta e tirando todas as dúvidas que tinha. “Umas das minhas preocupações era as pragas, eu consegui tirar as dúvidas que tinha sobre isso. Às vezes a gente faz muda e ela não cresce, já sei que tem que criar um microclima para ela desenvolver. Eu achei tudo interessante, para mim foi 100% proveitoso”. 




Ailton em sua propriedade na Comunidade Cruzeiro da Paz
Outro agricultor que está participando da atividade é Ailton da Comunidade Cruzeiro da Paz, de Serrinha, ele contou que não conseguiu dormir, pensando em tantas informações que recebeu durante o primeiro dia do curso. “É muita informação e eu quando sair daqui já vou testar.  Essa noite não dormi, pensando em tudo o que vi. Acho que a técnica da bandeja de mudas vai ajudar muito na minha produção”, afirmou o agricultor que conquistou uma cisterna de enxurrada. 

A diretora da APAEB, Tereza Rocha recebeu os participantes na comunidade e afirma ser muito interessante ver a empolgação do grupo. “É muito interessante perceber o quanto as pessoas estão empolgadas com as práticas demonstradas no curso. Cada um e cada uma vem com o seu saber próprio, aqui tem a oportunidade de ampliar ainda mais seu conhecimento”, concluiu Tereza Rocha. 

Colocando em prática as orientações do facilitador Abelmanto

20 março, 2015

ASA Bahia avalia sua trajetória em 2014 e planeja novas ações para 2015

Por Daiane Almeida
Comunicadora Popular da ASA

Durante os dias 18 e 19 de março, aconteceu no município de Feira de Santana, o Encontro Estadual da Articulação Semiárido na Bahia. Participaram da atividade agricultores e agricultoras, técnicos, coordenadores e membros de comissões de recursos hídricos das diversas microrregiões do estado, onde a articulação atua.

O objetivo do encontro foi avaliar as ações da ASA Bahia no ano de 2014 e planejar as ações para o ano de 2015. Na avaliação de Naidison Baptista, coordenador da articulação no estado, a rede conseguiu dar passos importantes, realizando um bom trabalho durante o ano. “Avançamos em algumas discussões como o gênero e a comunicação, sobre estes temas foram realizados encontros estaduais de qualidade, e também no campo da formação da convivência com o semiárido. No entanto, é preciso multiplicar essas formações nas nossas localidades, na perspectiva de ampliar ainda mais os debates”, afirmou Baptista em fala durante a plenária.

Num segundo momento, os participantes foram chamados a refletirem sobre os desafios da ASA-BA para o ano de 2015. Neste sentido, em grupo, se discutiu sobre quais seriam as prioridades a serem trabalhadas durante este ano. Alguns temas que já são debatidos pela articulação apareceram com mais intensidade nas falas dos participantes. Entre eles estão o debate sobre a assistência técnica rural (ATER), a terra e o fortalecimento institucional.

Demais temáticas como segurança alimentar, comunicação e gênero,também foram apontadas como importantes pelos grupos. Não perdeu-se de vista a dimensão da convivência com o semiárido e os processos de formação como linha principal a ser mantida pela ASA.

Para estimular o andamento das questões dentro da rede, foram criados  grupos de trabalho, que irão fomentar os debates e a realização de atividades.

28 janeiro, 2015

Agricultoras solicitam momentos de formação para ampliar conhecimentos

Foi realizado um dia campo. A atividade aconteceu na Comunidade Mandacaru.

Por Daiane Almeida

As mulheres agricultoras de Serrinha apresentam e comercializam os produtos de seus quintais na Feira Agroecologia, espaço que conquistaram e que hoje dividem com a feira tradicional do município. Interessadas em ampliar seus conhecimentos sobre técnicas de produção e tirar dúvidas, elas solicitaram que fosse realizado momentos de formação, principalmente aquelas que não recebem assistência técnica. A APAEB Serrinha em parceria com o MOC realizou dois dias de campo com as agricultoras. O primeiro aconteceu dia 19 de janeiro, e o segundo no último dia 26.

O dia de campo é uma metodologia que envolve prática, onde as pessoas interagem e tiram dúvidas, trocam experiências. No dia 26 a atividade aconteceu na casa de Dona Catarina dos Santos, lá, as agricultoras das comunidades Canto, Salgado, Vertente, Mandacaru, Recanto e Sucupira 2,  aprenderam algumas técnicas como o canteiro econômico, a batata de salvação, o canteiro candeeiro, compostagem e curtição do adubo.

Cerca de  30 pessoas participaram da atividade, entre elas, Roseli Silva, da Comunidade Sucupira, segundo ela é preciso correr atrás do conhecimento. “Eu fui disposta a ensinar algumas coisas e acabei aprendendo muito mais. A horta econômica eu já conhecia, mas de outro jeito. É importante aprender coisas que você não sabe, conhecer tecnologias e correr atrás do que a gente ainda não tem, buscar conhecimento”.  Na barraca que ela ocupa na feira agroecológica é possível encontrar frutas e hortaliças todos os sábados pela manhã.

As mulheres contaram com a contribuição de Edcarlos Almeida, técnico que facilitou esse momento de troca de conhecimentos, que
explicou quais materiais são necessários e qual a utilidade de cada uma para a produção de alimentos e gestão da água. Durante entrevista para o blog da APAEB Serrinha ele explicou com detalhes:


Daiane Almeida - Qual o objetivo de realizar um dia de campo com os agricultores?

Edcarlos Almeida - Os agricultores estavam com duvidas sobre a quantidade adubos, controle de pragas percebemos que eles estavam com dificuldades, então a atividade foi pra contribuir nesse sentido, e com o foco na agroecologia.

D. Almeida - Como se faz um canteiro econômico e qual a sua utilidade?

Canteiro econômico



E. Almeida – Conversamos e fizemos na prática o canteiro econômico. Utilizamos bloco, lona, cano pvc, telhas, joelho, cap, palhas de feijão, terra vegetal (quixaba), esterco de ovelhas. Ele é chamado econômico ou água no ponto certo, pois tem o objetivo de economizar a água e o tempo, já que a família não precisa perder tempo regando o canteiro. Outro objetivo do canteiro é que no período chuvoso é possível drenar a água caso o terreno seja inundado.


D. Almeida - Por que importante curtir o esterco antes de usar diretamente como adubo na hortaliça?

E. Almeida - Por que ele não consegue cumprir sua função sem passar pelo processo de curtição. Escolhemos um local com sombra, colocamos uma quantidade de esterco, molhamos e reviramos durante 12 dias, ao final desse tempo ele perde o cheiro forte de urina e adquire o cheiro de capim molhado, quando chega nesse ponto já pode ser utilizado.

D. Almeida - Como deve ser feita a compostagem?

E. Almeida - Escolhemos um local a sombra, começamos com uma camada de esterco, em seguida uma camada de folhagem verde, restos de comida, casca de fruta, restos da horta, alternando esse material.  A cada camada, devemos colocar água. Ao final ele fica em forma de pirâmide. Após oito dias descansando faz a primeira viragem . Lembrando que antes da viragem coloca alguma ferramenta de trabalho como vergalhão ou até mesmo facão no meio da compostagem por período de 10 minutos para sabermos a temperatura e como está se dando o processo de decomposição.
Após esse tempo se a ferramenta estiver muito quente ao revirarmos devemos jogar mais água, se estiver frio devemos colocar esterco fresco, se estiver morno significa que o processo de decomposição está indo bem. Repete-se essa observação a cada 05 dias. Após 70 dias ou o desaparecimento de todos os seus ingredientes, a compostagem poderá ser usada na adubação.
Canteiro candeeiro

D. Almeida – Como funciona a técnica do Canteiro Candeeiro?

E. Almeida - O material utilizado é uma garrafa pet e um pavio que pode ser feito com pano. Corta-se a garrafa ao meio, na parte afunilada, que corresponde a boca da garrafa, põe-se o pavio, passando pelo gargalo até a sua extremidade, coloca-se  terra vegetal adubada. Na parte cortada que corresponde ao fundo da garrafa, será colocada água e servirá de  suporte da parte afunilada. Lembrando que o pavio deverá ter contato com a água. Podemos plantar na parte afunilada diversas hortaliças como alface, coentro, cebolinha, hortelã, pimenta, pimentão entre outros.  O pavio irá transportar a água para as raízes dessas culturas.


D. Almeida – A batata de salvação é uma técnica que também utiliza a garrafa pet, qual a sua utilidade e como pode ser praticada?

Batata de salvação
E. Almeida - Ela serve para molhar as raízes de plantas frutíferas. O material utilizado é uma garrafa pet, isopor, canudo  e um pavio. É preciso fazer um pequeno furo próximo ao gargalo ou “pescoço” da garrafa onde será introduzido o pavio. Um pedaço de isopor é colocado dentro da garrafa, em seguida é furado pelo canudo, formando uma boia. Através dessa boia é possível saber o nível da água. A batata-de-salvação é colocada dentro da cova da árvore frutífera, logo no ato do plantio. Ela funciona da seguinte maneira: o pavio transportara a água de dentro da garrafa para as raízes, que aproveita somente o necessário para a sua sobrevivência e produção de seus frutos, num processo de capilaridade. Caso o canudo esteja baixo, significa que a garrafa está seca e necessita repor a água pela abertura da garrafa.

D. Almeida – Qual a sua avaliação sobre o dia de campo?

E. Almeida - Diante de todo o trabalho durante o dia, as agricultoras expuseram suas ideias, dificuldades, e suas dúvidas nos seus processos de produção de alimentos dentro do seu sistema produtivo familiar. Dentro das reuniões de planejamento e discussões da feira éramos muito questionados para uma formação sobre produção de alimentos agroecológicos, controle de pragas, plantio, transplante e colheita. Surgiram sugestões de realizarmos mais formações, também sobre manejo de pequenos animais. Foi um momento muito rico de participações e troca de experiências entre as agricultoras.

15 janeiro, 2015

Comunicação popular e comunitária no centro do debate

Encontro refletiu sobre a comunicação feita na rede ASA BA e nas comunidades rurais, tendo a participação dos agricultores/as como destaque. 

Por Daiane Almeida


Evento foi marcado por momentos de mística e animação entre os participantes
A comunicação comunitária e popular desenvolvida pela rede de comunicadores,  organizações da ASA e agricultores/as  tem se mostrado uma forte aliada na luta pela convivência com o semiárido, neste sentido, foi  o tema central de debate Encontro de Comunicação da ASA Bahia, realizado entre os dias 13 e 15 de janeiro, em Feira de Santana , que também abriu espaço para a discussão acerca da democratização e do direito a comunicação.

A participação dos agricultores/as trouxe a tona o debate sobre quais as formas e quais os espaços são utilizados por eles/as nas comunidades rurais para se comunicarem. Eles/as traçaram uma linha de como era antes e o que mudou. O grupo destacou os avanços, mas também trouxe algumas limitações, como a dificuldade de acesso a sinal de telefonia e internet, bem como o controle de rádios comunitárias por grupos de interesses.

Naidison Baptista, coordenador da ASA -BA
Durante a participação de Naidison Baptista, coordenador executivo da ASA pelo estado da Bahia, ele ressaltou a dimensão do papel da comunicação popular para rede e para a vida dos agricultores/as.  “A comunicação é uma proposta política. Uma tarefa política. A nossa comunicação é a favor da sociedade que nós queremos construir. Comunicador popular é para estar a serviço da causa da inclusão, da sociedade que queremos. Esse é o meu campo enquanto comunicador popular”.

Seguiu ressaltando em sua fala: “Construir a sociedade que a gente quer, dá trabalho. A ASA tem um diferencial e esse diferencial quem faz são os agricultores/as. A nossa comunicação tem que tá desse lado, o da inclusão. É a comunicação enquanto proposta política de instrumento de inclusão. Nisso temos duas proposta: para mudar o mundo: temos que anunciar e denunciar. Isso é comunicação”.


Delaídes Paixão (Dedé)
Na metodologia do encontro, a apresentação das experiências de comunicação  ganharam destaque durante o segundo dia do evento. Jovens rurais do projeto Comunicação Pelos Direitos apresentaram a experiência da Rádio Poste na Comunidade Lagoa Grande, no município de Retirolândia.  Outra experiência de comunicação popular ficou por conta da Radio Curaçá FM, que realiza um trabalho comunitário com objetivo de dar destaque ao potencial e também aos desafios do lugar.

Curaçá fica a 90 km de Juazeiro. O trabalho com a rádio comunitária é desenvolvido desde 2005, e vem dando certo segundo Delaides Paixão, Dedé. “A rádio vai fazer 10 anos, e foi feita especialmente para comunidade. O povo tem visto a necessidade de uma comunicação comunitária que seja provocadora dos direitos de cada um nas nossas discussões. A comunicação é um direito de fato, mas ela tem que chegar com qualidade de fato, e chegar para todas as pessoas, a gente quer a perfeição, não vamos chegar, mas a gente busca”, afirmou Dedé, que é integra a diretoria da rádio.

Segundo Breno Santiago, que apresentou a experiência do Projeto Comunicação pelos Direitos, que tem o apoio do MOC, um dos objetivos do projeto é denunciar as violações aos direitos das crianças e adolescentes em 10 comunidades rurais de municípios da região do Sisal.

Antônio Jorge (Café)e Breno Santiago
Ele também explicou como funciona a rádio poste. “Existe uma comissão gestora na comunidade, associações, igrejas, professora e o grupo de jovens e na sede do município que são os sindicatos, Conselho Tutelar. Dentro do projeto existe uma rádio poste de alto-falante que eu e Paulo César [outro integrante do projeto] trabalhamos nessa rádio. Desenvolvemos programas voltados para os diretos das crianças e dos adolescentes. As crianças participam. Lá fala sobre trabalho infantil, gravidez na adolescência, todos esses temas sobre exploração dos direitos das crianças. O projeto existe em 10 cidades”.


A atividade foi finalizada com a construção de linhas e ações que poderão ser utilizadas durante o ano de 2015 para fortalecer a luta pela convivência com o semiárido através da comunicação popular realizada através das ações da Articulação Semiárido na Bahia.


22 dezembro, 2014

Mais Água: intercâmbios mostram um Semiárido de prosperidade e oportunidades

por Arlene Freire

Histórias de perseverança e sucesso não faltaram na semana de intercâmbios realizada pela APAEB Serrinha, nos últimos dias 15, 16, 18 e 19, com agricultores (as) do Projeto Mais Água. Dois grupos de agricultores conheceram propriedades nos município de Serrinha, Riachão do Jacuípe, Caém e Jacobina e trocaram experiências sobre a produção de hortas econômicas, captação e armazenamento da água e muitas outras formas de conviver com o Semiárido.

Na primeira visita, agricultores dos municípios de Anguera e Ipecaetá, conheceram hortas econômicas, sistemas de captação e armazenamento de água da chuva, produção de ração, para caprinos, ovinos e aves, e várias técnicas desenvolvidas para tornar possível a convivência com a estiagem, em Serrinha e Riachão do Jacuípe.

Na propriedade do agricultor experimentador, Abelmanto Carneiro, os visitantes conheceram bombas d’água feitas pelo próprio Abelmanto, um sistema de biodigestão, usado para produzir gás de cozinha, além de diversas tecnologias usadas para armazenar água da chuva. Interessados em levar novos conhecimentos para aplicar em suas propriedades, os visitantes prestavam atenção a cada detalhe apresentado, perguntando a cada dúvida e compartilhando suas próprias experiências.

                      Atentos, os agricultores prestam atenção em todos os detalhes

O agricultor Antônio Gonçalves, da comunidade de Guaribas, município  de Anguera, lembrou que alguns dias antes assistiu uma reportagem sobre a propriedade de Abelmanto e ficou muito feliz por conhecer pessoalmente o agricultor e suas experiências.

Empolgado com as novidades, Seu Antonio testa a bomba giratória, feita por Abelmanto
Animado, representante da Comissão de Recursos Hídricos do município de Anguera, Genário Pinheiro, disse que deseja ver todo o conhecimento oferecido pelos encontros sendo empregados nas comunidades. 

No segundo intercâmbio, realizado nos dias 18 e 19, nos municípios de Caém e Jacobina, mais histórias de persistência e sucesso foram apresentadas aos agricultores dos municípios de Serra Preta, Ipirá, Feira de Santana e Tanquinho.

Na primeira parada em Caém, os visitantes conheceram a família de Dona Maria Carolina da Silva Costa. Filha de agricultores já falecidos, ela contou emocionada que seus pais sofreram muito com a falta de água e hoje a família comemora a chegada das cisternas.



Ainda na comunidade de Caém, os agricultores conheceram a história do casal Aparecido Calegari e Janete Rodrigues, que depois de começarem a produzir hortaliças, decidiram mudar de vida e investir na atividade.

Janete, que é agente de saúde começou a mobilizar a comunidade, no intuito de fortalecer a associação comunitária local. Eles contam que no começo haviam menos de dez associados e hoje a associação conta com a presença de 80 sócios.



Na horta, Aparecido mostra aos visitantes a plantação de gengibre, almeirão, açafrão e um diversidade de plantas que cultiva e  vende 
Satisfeito, Aparecido conta que abandonou o emprego na cidade para se dedicar ao trabalho e que pretende viver da agricultura familiar. Tudo o que é produzido na propriedade, é comercializado nas feiras orgânicas dos municípios de Caém e Jacobina.

Outra propriedade visitada foi a de Seu Givaldo de Jesus Silva, que sempre viveu da atividade agrícola. Ele conta que a chegada da água é a realização de  um sonho antigo.
A agricultora Maristela Pereira, da comunidade de Caroá em Feira de Santana, diz que as ações do  Mais Água estão contribuindo para a melhoria de vida de muitas famílias, que agora tem como produzir seu próprio alimento. Contente com o barreiro trincheira que recebeu, ela revela que tem planos de cultivar muitas frutas e hortaliças.



No segundo dia de atividade, os agricultores conheceram a Feira Orgânica de Jacobina e um pouco da sua história. Os agricultores tiraram dúvidas sobre o processo de comercialização e organização de grupos para a implantação da feira e as plantas cultivadas na região. Eles também aproveitaram para comprar temperos e hortaliças que não encontram em suas comunidades.







19 dezembro, 2014