15 janeiro, 2015

Comunicação popular e comunitária no centro do debate

Encontro refletiu sobre a comunicação feita na rede ASA BA e nas comunidades rurais, tendo a participação dos agricultores/as como destaque. 

Por Daiane Almeida


Evento foi marcado por momentos de mística e animação entre os participantes
A comunicação comunitária e popular desenvolvida pela rede de comunicadores,  organizações da ASA e agricultores/as  tem se mostrado uma forte aliada na luta pela convivência com o semiárido, neste sentido, foi  o tema central de debate Encontro de Comunicação da ASA Bahia, realizado entre os dias 13 e 15 de janeiro, em Feira de Santana , que também abriu espaço para a discussão acerca da democratização e do direito a comunicação.

A participação dos agricultores/as trouxe a tona o debate sobre quais as formas e quais os espaços são utilizados por eles/as nas comunidades rurais para se comunicarem. Eles/as traçaram uma linha de como era antes e o que mudou. O grupo destacou os avanços, mas também trouxe algumas limitações, como a dificuldade de acesso a sinal de telefonia e internet, bem como o controle de rádios comunitárias por grupos de interesses.

Naidison Baptista, coordenador da ASA -BA
Durante a participação de Naidison Baptista, coordenador executivo da ASA pelo estado da Bahia, ele ressaltou a dimensão do papel da comunicação popular para rede e para a vida dos agricultores/as.  “A comunicação é uma proposta política. Uma tarefa política. A nossa comunicação é a favor da sociedade que nós queremos construir. Comunicador popular é para estar a serviço da causa da inclusão, da sociedade que queremos. Esse é o meu campo enquanto comunicador popular”.

Seguiu ressaltando em sua fala: “Construir a sociedade que a gente quer, dá trabalho. A ASA tem um diferencial e esse diferencial quem faz são os agricultores/as. A nossa comunicação tem que tá desse lado, o da inclusão. É a comunicação enquanto proposta política de instrumento de inclusão. Nisso temos duas proposta: para mudar o mundo: temos que anunciar e denunciar. Isso é comunicação”.


Delaídes Paixão (Dedé)
Na metodologia do encontro, a apresentação das experiências de comunicação  ganharam destaque durante o segundo dia do evento. Jovens rurais do projeto Comunicação Pelos Direitos apresentaram a experiência da Rádio Poste na Comunidade Lagoa Grande, no município de Retirolândia.  Outra experiência de comunicação popular ficou por conta da Radio Curaçá FM, que realiza um trabalho comunitário com objetivo de dar destaque ao potencial e também aos desafios do lugar.

Curaçá fica a 90 km de Juazeiro. O trabalho com a rádio comunitária é desenvolvido desde 2005, e vem dando certo segundo Delaides Paixão, Dedé. “A rádio vai fazer 10 anos, e foi feita especialmente para comunidade. O povo tem visto a necessidade de uma comunicação comunitária que seja provocadora dos direitos de cada um nas nossas discussões. A comunicação é um direito de fato, mas ela tem que chegar com qualidade de fato, e chegar para todas as pessoas, a gente quer a perfeição, não vamos chegar, mas a gente busca”, afirmou Dedé, que é integra a diretoria da rádio.

Segundo Breno Santiago, que apresentou a experiência do Projeto Comunicação pelos Direitos, que tem o apoio do MOC, um dos objetivos do projeto é denunciar as violações aos direitos das crianças e adolescentes em 10 comunidades rurais de municípios da região do Sisal.

Antônio Jorge (Café)e Breno Santiago
Ele também explicou como funciona a rádio poste. “Existe uma comissão gestora na comunidade, associações, igrejas, professora e o grupo de jovens e na sede do município que são os sindicatos, Conselho Tutelar. Dentro do projeto existe uma rádio poste de alto-falante que eu e Paulo César [outro integrante do projeto] trabalhamos nessa rádio. Desenvolvemos programas voltados para os diretos das crianças e dos adolescentes. As crianças participam. Lá fala sobre trabalho infantil, gravidez na adolescência, todos esses temas sobre exploração dos direitos das crianças. O projeto existe em 10 cidades”.


A atividade foi finalizada com a construção de linhas e ações que poderão ser utilizadas durante o ano de 2015 para fortalecer a luta pela convivência com o semiárido através da comunicação popular realizada através das ações da Articulação Semiárido na Bahia.