22 novembro, 2014

Agricultores/a dos projetos P1+2 /BNDES e MDS compartilham saberes e experiências durante Encontro Territorial

Por Mirian Oliveira

Encontro Territorial reuniu mais de 120 pessoas durante os dias 19 e 20 de novembro


Momento de reflexão
‘’Aqui é minha terra, vou construir meu sonho aqui! Surgiu o projeto das cisternas, entrei no curso, tive dificuldades, mas venci e hoje construo cisternas e quero ver o povo produzir nem que seja um pé de pimenta para comer meio dia’’, essa foi uma das muitas falas que marcou o Encontro Territorial realizado pela Apaeb Serrinha,nos dias 19 e 20. O Encontro reuniu mais de 120 pessoas dos dois projetos executados pela instituição em parceria com a Articulação no Semiárido Brasileiro-ASA financiados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social-BNDES e pelo Ministério de Desenvolvimento Social e Combate a Fome-MDS que atuam em alguns municípios do território do Sisal e Bacia do Jacuípe: Cansanção,Queimadas,Nordestina,Teofilândia,Capela do Alto Alegre e Serrinha. A fala acima citada é do pedreiro Erinilton Araújo do município de Capela do Alto Alegre.
Além de pedreiros estiveram presentes agricultores e agricultoras contemplados pelo projeto, comissões municipais, representantes municipais e  palestrantes que debateram diversos assuntos como: acesso ao crédito, PRONAF, Autonomia e gestão e Agroecologia.
A troca de experiência começou logo no início. Cada município trouxe algo que o representasse e contou sua história numerando suas dificuldades e qualidades.                              
Durante os dois dias do encontro os agricultores puderam expor e comercializar os produtos produzidos por eles na pequena Feira Compartilhada, por lá era possível encontrar artigos artesanais como: chapéus de palha de diversos modelos, peças de argila, peças de crochê, bolsas de palha, tapetes de palha entre outros. Para saborear tinha deliciosas cocadas de coco, ovos, couve, coentro, pepino, uvas a qual não é típica da nossa região, mas estava presente.
Feira Compartilhada

O primeiro dia foi marcado pela explanação dos temas sobre o acesso ao crédito que teve o apoio da cooperativa de crédito Ascoob Sisal e tirou dúvidas dos agricultores sobre cooperativismo e sua importância para o fortalecimento da agricultura familiar.  Na sequência Luiz Lisboa, colaborador da Apaeb Serrinha destacou a importância da agroecologia e da agricultura familiar. ‘’ Não é só a mulher, o homem, os filhos precisam trabalhar o conceito agroecológico. Não se faz agroecologia sem cuidar de todos os recursos naturais por igual. Por isso não podemos queimar, desmatar, jogar lixo a céu aberto, usar veneno. Temos que entender que a agricultura familiar tem uma marca, e que esta marca tem que ser entendida, a qual é a marca da família, da agroecologia’’, ressaltou Luiz.
Na sequência a palavra foi dada ao agricultor, Cordeiro Peixoto, que há mais de 30 anos cultiva hortaliças e que há dois anos conquistou uma cisterna de enxurrada o que potencializou sua produção, hoje ele colhe por semana mais de 400 pés de coentro e alface e vende na feria livre do seu município. A proposta da participação desse agricultor era incentivar os mais de 100 agricultores ali presentes e mostrar que é sim possível produzir com pouca água, já que no município onde Cordeiro vive [Capela] passa por um longo período de estiagem. Na sua fala Cordeiro destacou a importância do uso de defensivos naturais. ’’Eu tenho tantos clientes que compram por que não uso agrotóxico e se eu usar vão deixar de comprar’’. Cordeiro ainda citou diversas técnicas de plantio, de adubos e exemplos práticos de defensivos naturais, como o xixi bovino.
Agricultor experimentador Cordeiro Peixoto

O encontro não ficou restrito apenas com plenária e palestras, além da Feira Compartilhada e aberta para todos, teve a noite cultural tipicamente nordestina com um forró pé de serra para alegrar o povo e esquentar o frio e festejar a chuva que caia naquela noite.
Na manhã seguinte o dia começou cedo. Com uma reflexão seguida de laboral para animar o dia longo anterior. A programação para o dia 20(quinta-feira) foi por conta da equipe de comunicação, que trouxe para os presentes questionamentos sobre a comunicação para todos como instrumento de participação social enfocando os boletins e banners de experiências como fortalecimento das ações desenvolvidas pelos agricultores/a e por fim foi convidado um agricultor que já teve sua história sistematizada para falar da experiência e se o mesmo se sentiu representado por este instrumento de comunicação, o agricultor em questão disse que não só se sentiu representado como o boletim e o banner conquistado por ele serve como divulgação do seu trabalho e o ajuda nas vendas dos seus produtos.
Após Silvaney Santiago trazer para discussão o tema autonomia e gestão, chegou o momento da avaliação das ações que estão sendo realizadas dentro dos projetos P1+2/BNDES e MDS, este foi o momento de apontar as falhas, os acertos e dar sugestões para os próximos projetos que estão por vir.
Muitas coisas foram apontadas, algumas delas inclusive já foram solucionadas, como o caso da bomba que no projeto P1+2/BNDES, o qual acabará agora em novembro, ainda são manuais, vários agricultores reclamaram do não funcionamento da mesma, mas esta questão já foi solucionada e no projeto P1+2/MDS as bombas já são todas elétricas. As críticas foram poucas, não faltaram elogios aos projetos e as entidades que os executa.
Mesa com pedreiro,repres. da comissão e da entidade e agricultor

Para agricultora Valdineia Valéria da comunidade Lagoa do Canto, Teofilandia, o projeto não contribui apenas com a tecnologia em si, mas também com o resgate da cultura da comunidade.
‘’São inúmeras contribuições, é poder aumentar a renda familiar e de certa forma trouxe as raízes que estavam adormecidas. A gente passava necessidade e não percebia que podia daquilo que já existe tirar o nosso sustento, e durante os cursos a gente resgatou isso, e depois da tecnologia a gente viu que pode tirar o nosso próprio sustento do nosso quintal. Tenho uma cisterna calçadão, e produzo já a couve, coentro e a principio é somente para o consumo, e depois com certeza comercializar. Amei o evento. Foi maravilhoso, rever pessoas, pegar experiências com outros municípios, trocar experiências as quais vou levar comigo para vida toda’’, disse Neia, como gosta de ser chamada.