Por Mirian Oliveira
Encontro Territorial reuniu mais de 120 pessoas durante os dias 19 e 20 de novembro
Momento de reflexão |
‘’Aqui é minha terra, vou construir meu sonho aqui! Surgiu o projeto das
cisternas, entrei no curso, tive dificuldades, mas venci e hoje construo
cisternas e quero ver o povo produzir nem que seja um pé de pimenta para comer
meio dia’’, essa foi uma das muitas falas que marcou o Encontro Territorial
realizado pela Apaeb Serrinha,nos dias 19 e 20. O Encontro reuniu mais de 120 pessoas dos dois
projetos executados pela instituição em parceria com a Articulação no Semiárido Brasileiro-ASA financiados pelo Banco
Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social-BNDES e pelo Ministério de
Desenvolvimento Social e Combate a Fome-MDS que atuam em alguns municípios do território do Sisal e Bacia do Jacuípe: Cansanção,Queimadas,Nordestina,Teofilândia,Capela do Alto Alegre e Serrinha. A
fala acima citada é do pedreiro Erinilton Araújo do município de Capela do Alto
Alegre.
Além de pedreiros estiveram presentes agricultores e agricultoras contemplados pelo projeto, comissões municipais, representantes municipais e palestrantes que debateram diversos assuntos como: acesso ao crédito, PRONAF, Autonomia e gestão e Agroecologia.
Além de pedreiros estiveram presentes agricultores e agricultoras contemplados pelo projeto, comissões municipais, representantes municipais e palestrantes que debateram diversos assuntos como: acesso ao crédito, PRONAF, Autonomia e gestão e Agroecologia.
A troca de experiência começou logo no início.
Cada município trouxe algo que o representasse e contou sua história numerando
suas dificuldades e qualidades.
Durante os dois dias do encontro os agricultores puderam expor e
comercializar os produtos produzidos por eles na pequena Feira Compartilhada,
por lá era possível encontrar artigos artesanais como: chapéus de palha de
diversos modelos, peças de argila, peças de crochê, bolsas de palha, tapetes de
palha entre outros. Para saborear tinha deliciosas cocadas de coco, ovos,
couve, coentro, pepino, uvas a qual não é típica da nossa região, mas estava
presente.
Feira Compartilhada |
O primeiro dia foi marcado pela explanação dos temas sobre o acesso
ao crédito que teve o apoio da cooperativa de crédito Ascoob Sisal e tirou
dúvidas dos agricultores sobre cooperativismo e sua importância para o fortalecimento da agricultura familiar. Na sequência Luiz Lisboa,
colaborador da Apaeb Serrinha destacou a importância da agroecologia e da
agricultura familiar. ‘’ Não é só a mulher, o homem, os filhos precisam
trabalhar o conceito agroecológico. Não se faz agroecologia sem cuidar de todos
os recursos naturais por igual. Por isso não podemos queimar, desmatar, jogar
lixo a céu aberto, usar veneno. Temos que entender que a agricultura familiar
tem uma marca, e que esta marca tem que ser entendida, a qual é a marca da
família, da agroecologia’’, ressaltou Luiz.
Na sequência a palavra foi dada ao agricultor, Cordeiro Peixoto, que
há mais de 30 anos cultiva hortaliças e que há dois anos conquistou uma
cisterna de enxurrada o que potencializou sua produção, hoje ele colhe por
semana mais de 400 pés de coentro e alface e vende na feria livre do seu
município. A proposta da participação desse agricultor era incentivar os mais
de 100 agricultores ali presentes e mostrar que é sim possível produzir com
pouca água, já que no município onde Cordeiro vive [Capela] passa por um longo
período de estiagem. Na sua fala Cordeiro destacou a importância do uso de
defensivos naturais. ’’Eu tenho tantos clientes que compram por que não uso
agrotóxico e se eu usar vão deixar de comprar’’. Cordeiro ainda citou diversas
técnicas de plantio, de adubos e exemplos práticos de defensivos naturais, como
o xixi bovino.
Agricultor experimentador Cordeiro Peixoto |
O encontro não ficou restrito apenas com plenária e palestras, além da Feira Compartilhada e aberta para todos, teve a noite cultural tipicamente
nordestina com um forró pé de serra para alegrar o povo e esquentar o frio e
festejar a chuva que caia naquela noite.
Na manhã seguinte o dia começou cedo. Com uma reflexão seguida de
laboral para animar o dia longo anterior. A programação para o dia
20(quinta-feira) foi por conta da equipe de comunicação, que trouxe para os
presentes questionamentos sobre a comunicação para todos como instrumento de
participação social enfocando os boletins e banners de experiências como
fortalecimento das ações desenvolvidas pelos agricultores/a e por fim foi
convidado um agricultor que já teve sua história sistematizada para falar da
experiência e se o mesmo se sentiu representado por este instrumento de comunicação, o agricultor em questão disse que não só se sentiu representado como o boletim e o banner conquistado por ele serve como divulgação do seu trabalho e o ajuda nas vendas dos seus produtos.
Após Silvaney Santiago trazer para discussão o tema autonomia e gestão,
chegou o momento da avaliação das ações que estão sendo realizadas dentro dos
projetos P1+2/BNDES e MDS, este foi o momento de apontar as falhas, os acertos e
dar sugestões para os próximos projetos que estão por vir.
Muitas coisas foram apontadas, algumas delas inclusive já foram solucionadas, como o caso da bomba que no projeto P1+2/BNDES, o qual acabará
agora em novembro, ainda são manuais, vários agricultores reclamaram do não
funcionamento da mesma, mas esta questão já foi solucionada e no projeto
P1+2/MDS as bombas já são todas elétricas. As críticas foram poucas, não
faltaram elogios aos projetos e as entidades que os executa.
Mesa com pedreiro,repres. da comissão e da entidade e agricultor |
Para agricultora Valdineia Valéria da comunidade Lagoa do Canto, Teofilandia,
o projeto não contribui apenas com a tecnologia em si, mas também com o resgate
da cultura da comunidade.
‘’São inúmeras contribuições, é poder aumentar a renda familiar e de
certa forma trouxe as raízes que estavam adormecidas. A gente passava
necessidade e não percebia que podia daquilo que já existe tirar o nosso
sustento, e durante os cursos a gente resgatou isso, e depois da tecnologia a
gente viu que pode tirar o nosso próprio sustento do nosso quintal. Tenho uma
cisterna calçadão, e produzo já a couve, coentro e a principio é somente para o
consumo, e depois com certeza comercializar. Amei o evento. Foi maravilhoso, rever
pessoas, pegar experiências com outros municípios, trocar experiências as quais
vou levar comigo para vida toda’’, disse Neia, como gosta de ser chamada.