04 agosto, 2014

“A gente tem que correr atrás do sonho”

Por Daiane Almeida


Visita à propriedade de Denise é parte prática do SISMA

O processo de formação que as famílias vivenciam durante os cursos do P1+2 fortalece os sonhos de quem deseja ampliar a produção de alimentos em suas casas. A cada conversa o interesse é despertado, a cada visita às propriedades de outros agricultores renasce a vontade de produzir com mais qualidade o próprio alimento, visando não apenas a comercialização, mas a segurança nutricional em primeiro lugar. 

As famílias acompanhadas pela APAEB Serrinha, que participam do Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2), viram de perto  na manhã do dia 1º de agosto a experiência de Denise Calçada, da Comunidade Intrude, em Serrinha. Ela e o irmão trabalham na produção de hortaliças e plantas ornamentais na propriedade da família. Denise comercializa para a merenda escolar, na feira, e em casa, onde os vizinhso estão sempre comprando. A atividade fez parte do curso de Sistema Simplificado Para Manejo de Água  (SISMA).

“A gente não pára, comercializa para prefeitura, vende em casa, na feira, a gente tem que correr atrás do sonho. Quero que os meus filhos estudem, mais que não perca o foco da roça”, disse Denise.
Denise conta sua história de vida aos visitante em baixo do
cajueiro, lugar onde costuma se confraternizar com a família

Ela é mãe, cuida da casa e do trabalho na roça, e ainda ensina valores que acredita serem fundamentais para a formação dos seus filhos. “Eu digo aos meus filhos que o saber você pode ter os dois. Você pode ter um bom emprego sem deixar a raiz da terra. É bom ter estudo, mas não esquecer de onde a gente vem. Tem gente que vai para a cidade grande e esquece de onde vem”, ensina Denise.

Esse sentimento de amor pelo que faz contagiou quem ouviu Denise contar um pouco mais sobre a sua história e como sua mãe, já falecida, foi o seu maior exemplo de amor pelas flores e pelo trabalho na roça. Dona Mártires Silva de Jesus, que ouvia tudo com atenção sentiu de perto a força dessa história. “Importante né, cria na gente a vontade de fazer também. Depois que a gente vê cria aquela coragem, vontade de lutar. Gostei do clima, do trabalho maravilhoso dessa mulher [Denise], do cuidado que ela tem com a terra, de ajudar as pessoas a comer uma comida especial, natural, livre de doenças”, ressaltou Mártires, da Comunidade Cruzeiro, em Serrinha.

Sistema de irrigação
Embora no mesmo município, as diferenças de solo, as técnicas de irrigação utilizadas, chamaram logo a atenção do grupo. Toda Mariana de Sousa, que mora na Comunidade Contenda, também em Serrinha logo destaca que o seu solo é mais seco, por isso ela pretende ampliar a criação de galinhas. “Essa visita eu achei uma benção, eu fiquei muito feliz! Aqui é tudo diferente, o terreno é fofinho, o que planta aqui dá. Lá na minha comunidade a terra é seca. Eu crio galinha para o consumo da família, e agora eu quero criar mais ainda para vender”.

Os sonhos se confundem, pois o desejo de todos é o mesmo: ter água para produzir alimento e se manter no chão onde nasceu. Por isso as tecnologias sociais se somam ao esforço das famílias para contribuir para que este sonho se concretize.

O consórcio ajuda a economizar água



Cultivo de cebolinha consorcida com flores

“O meu sonho é aqui mesmo, cidade grande nunca gostei de ir. Só em caso de doença. Então eu sou muito feliz aqui onde eu moro e agora graças a Deus com essa tecnologia que tá chegando aí, a gente tá mais alegre. Com o que a gente ganhou [barreiro trincheira] já tá mudando a vida da gente. Quanto mais tecnologias a gente ganhar e quanto mais a gente tiver melhor, por que a gente tem uma coisa: vontade de trabalhar! A gente só tem é que agradecer!” encerra Denise,  com vontade de ficar mais tempo contado sua história e  ouvindo outras tantas, mas o dever de buscar os filhos na escola finaliza mais um momento de visitas em sua propriedade.