21 julho, 2014

Intercâmbios alimentam sonhos e as expectativas das famílias

A expectativa pelas visitas de intercâmbios é algo que alimenta a esperança das famílias quanto à produção de alimentos em suas propriedades. A última semana foi marcada por dois momentos de intercambio vivenciados pelas famílias que participam do Programa Uma Terra e Duas Águas, acompanhadas pela APAEB Serrinha.


O primeiro aconteceu no dia 15 de julho, na propriedade do agricultor familiar Abelmanto Carneiro, no município de Riachão do Jacuípe. Já o segundo, aconteceu no dia 17 de julho, nas propriedades de Lucivania da Silva, na Comunidade Jiboia, e do casal Jonas e Terezinha, na Comunidade Barriguda, ambos em Retirolandia.

Abelmanto mostrando o viveiro de mudas
O desafio de construir estruturas hídricas para o armazenamento de água é algo que já avançou na propriedade do agricultor Abelmanto Carneiro. Ele afirma ter capacidade para armazenar 3 milhões de litros de água, distribuída nas diversas tecnologias sociais que dispõe, como barreiros, barraginhas sucessivas, cisterna calçadão, cisterna de consumo, além da barragem subterrânea, que ele diz não saber mensurar a quantidade de água captada, pois fica retida no próprio solo.

“Aqui eu não perco nada. Tenho 2 milhões de litros de água armazenada na propriedade. Na alimentação dos animais são 3.600 Kg de silagem e feno. Tudo é tirado daqui, o milho, a palha, o sorgo, que uso na produção do silo, e o capim de corte, o mata-pasto, o malvarisco, que são folhagens usadas na produção do feno”, explica Abelmanto.

A alegria e satisfação das famílias- Seu Gilberto Silva, da Baixa do Cedro, participou pela primeira
Seu Gilberto

vez de uma atividade como o intercambio. “Nessa idade que eu tou, nunca tinha vindo numa viagem com tanta coisa bonita, poder conversar e ouvir tanta coisa interessante. Água é vida, com água você pode plantar, ter sua rocinha para não precisar gastar do salário da gente”, ele tem 68 anos e disse nunca ter participado de momentos como o intercambio por falta de tempo e oportunidade.

Dona Marileide
Dona Marileide Silva dos Santos mora na Fazenda Roncador, em Capela do Alto Alegre, foi para o intercâmbio com o objetivo de conhecer o biodigestor. “A visita tem muita coisa que eu não conhecia: a barragem subterrânea, o enxerto. Às vezes a gente vê em televisão, não via de perto. E eu já vou poder explicar para outras pessoas. Muita coisa que tem aqui a gente faz e o que eu mais tou interessada é na produção de gás, é um sonho um dia eu poder fazer também”, diz Mirileide.

Geração de renda com plantas ornamentais - Na propriedade de Dona Lucivania, ela, o irmão João e o filho Geovanio, desenvolvem a produção de hortaliças e plantas ornamentais, que a família comercializa tanto na propriedade, quanto em uma barraca na cidade. Ela explica como funciona o trabalho e a gestão da água.

Dona Lucivania

“A gente tem cerca de 100 mil litros de água armazenada, não é suficiente, mas ajuda muito. Se não fosse essa cisterna e a represa a gente não tinha como fornecer. Eu molho as plantas todos os dias. No período de seca aqui gasta quase 10 mil litros de água por semana. A cisterna foi uma mudança muito boa para a gente, ajuda muito. A gente vende as hortaliças na barraca e as mudas de plantas e flores, antes eu plantava só para o consumo de casa mesmo”, diz  Lucivania da Silva.

“As secas são previsíveis” – Quando o grupo de agricultores/as chegou à casa de Seu Jonas, na Comunidade Barriguda, pôde observar a diversidade de produções que ele mantém na propriedade. A criação de codornas e galinhas demandam diversos cuidados, desde a produção de ração, a prevenção de doenças, que é feita pela família. O destino da criação é a comercialização. Outra atividade é a criação de abelhas e de algumas cabeças de gado. Ele também trabalha na produção de hortaliças em torno da cisterna-calçadão. Durante a visita, todas as etapas do processo de criação foram demonstradas para as famílias.
Seu Jonas mostra o índice pluviométrico 

Seu Jonas explicou que para ter toda essa diversidade de criações é preciso muito trabalho e água, que ele armazena na cisterna-calçadão, de consumo e um tanque de chão. Ele desenvolveu um estudo sobre a regularidade das chuvas em sua comunidade através do índice pluviométrico. "As secas são previsíveis, é preciso o agricultor se preparar. As chuvas são irregulares, mas chove no semiárido!"