21 julho, 2014

Agricultores/a partilham experiências e saberes e ‘’caem ‘’ no samba durante curso SISMA em Nordestina

 
 ‘’Acesso água aqui é só por caminhão pipa, e de cisterna de beber. Não temos água encanda. Essa cisterna será mais um reservatório para poder produzir e guardar água no período da seca’’, diz dona Cleide da comunidade Lagoa dos Bois do município de Nordestina.

Dona Cleide é uma das 26 famílias que participaram do curso Sistema Simplificado Para Manejo de Água - SISMA no último dia 17 a 18 de julho na comunidade Lagoa dos Bois, em Nordestina. A comunidade assim como muitas na região sofre com a falta de água, mas esta realidade aos poucos vem mudando, pois muitos destes agricultores/a tem percebido que é possível conviver e produzir no semiárido mesmo no período de pouca chuva. Além das famílias estarem conquistando tecnologias que auxiliem na convivência com o semiárido, ainda passa por cursos promovidos pelo Programa Uma Terra e Duas Águas – P1+2 que assessoram na transformação desta realidade.

 Neste último curso, o SISMA, agricultores/a tiveram a oportunidade de partilhar conhecimentos saberes e experiências.
No primeiro dia de curso agricultores/a visitaram a casa da Dona Damiana, qual conquistou uma cisterna enxurrada, onde fizeram ao redor da cisterna canteiros e em seguida plantaram plantas frutíferas, como acerola, caju, manga, entre outras. Enquanto plantavam, o instrutor do curso falava qual se adaptava melhor naquela região, quanto tempo demoraria em dá seu primeiro fruto, entre outras curiosidades perguntadas pelos agricultores/a. Ao longo das perguntas muitos citavam experiências vividas por eles, algumas com sucessos outras não, estas últimas, logo queria saber o que deu errado, muitos desses questionamentos sanados entre eles mesmos.  

No segundo dia o tem foi enxertagem. Todos queriam saber como era possível uma cultura mesmo sendo da mesma família dá fruto em tão pouco tempo. Na ocasião, o coordenador Moisés Inácio, explicou e exemplificou. Foi falado também em compostagem e em diferentes tipos de adubos.
Muitos dos presentes criam animais, e pretendem investir futuramente após a cisterna ficar pronta, seu Geraldo, por exemplo, é um dos agricultores exemplos da comunidade. Na propriedade dele,ele  já desenvolve uma estratégia para driblar a longa estiagem e não deixar o gado passar fome, a qual fez questão de compartilhar com os demais agricultores/a. Na manhã do terceiro dia de curso as famílias partiram para a propriedade de seu Geraldo onde desenvolveram silo e feno, rações feitas a base de palhas de milho,folhas de leucena entre outras riquezas, que bem armazenadas resistem a mais de 6 meses.
A alegria e empolgação dos agricultores/a em aprender algo novo, algo que com certeza vai ajudar a conviver melhor na região deles, estava estampada no olhar de cada um, a cada palha, a cada folha que eles jogavam na máquina de triturar era um brilho diferente que brotava das suas faces.

O curso não passa apenas técnicas e práticas de como conviver no semiárido com dignidade e de forma produtiva. Os cursos do P1+2 também despertam e instigam o resgate da cultura regional e local. Na comunidade Lagoa dos Bois, existe um tradicional grupo de samba, que durantes os meses de janeiro de fevereiro faz a festa com seus sambas de raiz e Reis.

Seu Geraldo, um dos integrantes e puxadores do samba, fala com emoção e gosto de fazer parte desse grupo e da importância de não perder essas raízes, essa tradição que eles custam a preservar.
‘’São seis pessoas que compõem o grupo de samba. As letras algumas são nossas. Outras são Reis antigos. Essas tradições são boas demais. É muito valoroso e muito bonito, tanto para quem ta fazendo para quem ta vendo aquela batucada do pandeiro. Um passa por outro, o outro passa para o colega e assim vai,faz uma roda boa. Uma pena o jovens não participar (sic) muito. Alguns acompanha (sic), mas não muito’’.

O batuque do samba como seu Geraldo falou animou e contagiou a todos os presentes que não pensaram duas vezes e entraram na roda para sambar ao som das cantigas de reis e dos sambas do grupo da comunidade de Lagoa dos Bois.

Trecho de um dos sambas entoados pelo grupo:
’’palmeia, palmeia,quero ver palmear, palmeia,palmeia, quero ver palmear.
  Oh! levanta mulher corre a roda,quero ver ela correr’’