23 maio, 2013

Cisterna na escola leva cidadania e qualidade de vida às crianças do semiárido

Acesso à água de qualidade para os alunos e a comunidade

A realidade de meninos e meninas do semiárido baiano vem sendo transformada a partir da chegada cisterna na escola. Na Bahia nos municípios de Serrinha e Araci, 18 cisternas estão em fase de conclusão e já começam levar esperança de dias melhores para a escola. A ação é fruto da parceria entre Articulação no Semiárido Brasileiro (ASA), Avina e Xylem, que estiveram através de seus representantes visitando as escolas nos dias 20 e 21 de maio.

Dona Maria Nilza, tem três filhos que estudam na Escola Municipal Maria Anunciação Nascimento, ela conta que já houve dias em que as crianças não foram à escola por falta de água. “Aqui a gente sofre por não ter água, já aconteceu de não ter aula, de ter que trazer água de casa. E tendo a cisterna não vai ser mais assim, eu acho que vai melhorar”, afirmou Dona Maria Nilza.

Crianças da Escola José de Anchieta preparam recepção
A professora Auricélia Araújo trabalha como diretora nesta escola que está localiza na Comunidade Macambira há oito anos, ela conta como é difícil o dia a dia da escola com a escassez de água. ”Falta sempre água, só tem de 15 em 15 dias, e quando acaba a gente é obrigado mandar o aluno para casa por que não tem como fazer a merenda, é difícil sem água. E agora com a cisterna a gente vai ter água suficiente não só pra gente, mas para a comunidade também por que eles não têm tanque e também sofrem. Agora as aulas vão continuar normalmente e os alunos não vão ser prejudicados, graças a Deus esse sufoco acabou”, ressaltou Auricélia Araújo, aliviada por não ter que parar as aulas na escola por falta de água.

Como uma das estratégias de convivência com o semiárido, o Projeto Cisternas nas Escolas é mais uma dimensão do trabalho da ASA na busca pela democratização do acesso à água potável de consumo. Um dos parceiros dessa caminhada é a Avina que apoia ações que visam a distribuição justa e igualitária da água na América Latina, e um dos investidores nesta ação conjunta com a ASA é a Xylem, empresa dos Estados Unidos, que desenvolve tecnologias voltadas para o tratamentos da água e equipamentos em geral e que também visitou a realidade das escolas.

Raul Gauto, representante da Avina
Para Raul Gauto, representante da Avina, o objetivo da organização é contribuir para a gestão democrática da água na América Latina e o trabalho da ASA é uma referência nisso.  “Quando conhecemos os programas da ASA, reconhecemos que o trabalho dessa articulação é o de fortalecer a comunidade, de fazer a divisão da água com as famílias, esse conceito de democracia nos processos de seleção foi o que animou a Avina. Quando a gente vê uma escola com 150 crianças cantando, com alegria, e com acesso a água de qualidade é muito animador, emociona. Nós temos a ideia de investir em mais cisternas com a parceria da Xylem e convidar outras empresas também. O nosso objetivo em comum com a ASA é ver todas as crianças nas escolas com acesso a água pura e de qualidade”, afirmou  Raul Gauto da Avina.

Cisterna como instrumento pedagógico

Para a coordenadora Márcia Nívea, da Escola Municipal José de Anchieta, na Comunidade Jacu, em Araci, com a chegada da cisterna, professores e alunos realizarão o sonho de ter sua própria horta. “Além da água a cisterna irá servir para a realização do nosso sonho de ter uma horta na escola, para dar qualidade à merenda escolar, aqui somos muito carentes em relação à alimentação”, disse Márcia Nívea, que este ano identificou casos de alunos que adoeceram por fazer uso de água contaminada, a comunidade já ficou até 5 meses sem ter água e com as aulas suspensas.

Leandro Santos, Coordenador

Leandro Santos, coordenador da Escola Maria Anunciação do Nascimento, diz que além de armazenar a água, a cisterna servirá como instrumento pedagógico. “Através da cisterna podemos trabalhar a partir da nossa realidade com a matemática, a geografia e seu relevo, a própria história da presença dos recursos hídricos na comunidade, dá para fazer várias abordagens”, ressaltou o professor que trabalha com a metodologia da educação contextualizada.