Agricultores e agricultoras de 10 municípios se reuniram nos dias 24 e 25 de outubro para a construção de um planejamento participativo da Chamada Pública de ATER. A atividade aconteceu no bairro Papagaio em Feira de Santana, com 200 participantes e equipe técnica que desenvolve o Projeto Parceiros/as por um Sertão Justo.
Com o objetivo de debater e aprofundar com agricultores/as a importância da construção do planejamento participativo das unidade produtivas familiares e das comunidades; conhecer e trocar experiências nos eixos temáticos ( organização social, agroecologia, segurança alimentar, Juventude, Mulheres, educomunicação, água, crédito e acesso a mercado) e ainda construir o planejamento participativo de cada município, a atividade contou com a realização de oficinas temáticas.
Utilizando a metodologia de carrossel, as experiências foram apresentadas simultaneamente para os grupos, que tiveram a oportunidade de conhecer mais de uma experiência, a partir de abordagens relacionadas aos três temas gerais do projeto: organização social, segurança alimentar e agroecologia.
A experiência de educação contextualizada e educomunicação trouxe a reflexão de como através do ensino e dos meios de comunicação é possível valorizar a identidade e fortalecer os direitos dos sujeitos do campo. Nessa perspectiva boletim de experiências O Candeeiro, da Articulação do Semiárido Brasileiro (ASA), foi apresentado enquanto instrumento que vem possibilitando a troca de saberes entre os agricultores/as, dando destaque a práticas de convivência com o semiárido que não são noticiadas pela mídia.
No que tange a segurança alimentar, um dos debates girou em torno do armazenamento de sementes, onde a experiência do Banco de Sementes da Comunidade Canto, de Serrinha foi apresentada. Outros temas como acesso aos mercados institucionais através do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) também foi destaque.
Na avaliação de Gisleide Oliveira, técnica do Sub-Programa de Acesso ao mercado, um dos resultados, foi o conhecimento de diversas temáticas, em especial as experiências de acesso ao mercado. “Uma realidade que pôde ser constatada é que muitos agricultores/as ainda não conhecem as políticas de acesso ao mercado, o que mostra que é preciso divulgar mais. A metodologia ajudou a mostrar que em algumas comunidades que não há presença de técnicos as políticas muitas vezes são desconhecidas”, afirmou Gisleide Oliveira.
Aprendendo a se planejar - No último dia do evento os grupos divididos por municípios e se dedicaram a construção participativa do seu planejamento. Foram colocados por cada um as demandas existentes na propriedade e na comunidade através do levantamento de potencialidades e desafios. O resultado foram planos que apontaram para realidade dos municípios e as estratégias que agricultores/as acreditam ser importantes para ajudar a melhorar essa realidade.
Os planos estão sendo sistematizados, mais durante a socialização na plenária final alguns pontos apareceram de forma incisiva nos municípios, os que tiveram destaque foram: a necessidade organização dos bancos de sementes crioulas, o acesso a água para produção para produção de alimentos, o acesso ao mercado para comercialização dos produtos da agricultura familiar e a assistência técnica.
Para Analice da Izenção de Jesus, o mais interessante foi aprender a se planejar. “O ensinamento de como se planejar eu achei muito importante , na minha comunidade precisa de posto de saúde, agente comunitário, água para produzir, tudo nós colocamos no plano. Agora o primeiro passo é reunir com a presidente da associação, e cobrar da prefeitura, do sindicato”, diz Anacile, que é moradora da Comunidade Flores, no município de Serrinha.