09 março, 2011

Conquistas e desafios na pauta do Dia Internacional da Mulher

A luta das mulheres na busca por igualdade de direitos e participação política tem como sua data símbolo o 8 de março, Dia Internacional da Mulher, instituído no ano de 1910, durante uma Conferência na Dinamarca, em homenagem às operárias mortas durante uma manifestação por melhores condições de trabalho e salário. O mundo todo reconhece a data. Na Bahia ela é pautada pelos movimentos sociais de mulheres em diversos municípios.

Em Retirolândia, as comemorações se iniciaram antes mesmo dia oficial. A Secretaria de Mulheres do Sindicato dos Trabalhadores Rurais e o Movimento de Mulheres realizaram desde dia 26 de fevereiro reuniões em 23 comunidades, com o objetivo de levantar os desafios e conquistas das mulheres. Segundo Terezinha Santos Silva, membro do STR, uma das principais conquistas que as mulheres destacaram foi aquisição da cisterna de consumo através do Programa Um Milhão de Cisternas, pois tê-la perto de casa facilitou a vida e promoveu qualidade, e da cisterna de produção, através do Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2).

“Outras grandes conquistas foram destacadas por elas, como a legalização do Movimento de Mulheres e a criação da Secretária de Mulheres, além dos momentos de formação”, ressalta Terezinha, que também faz parte da Comissão Executiva Municipal de Recursos Hídricos.

Sobre a importância da data, ela ainda enfatiza que o reconhecimento da mulher já existe, mais ainda é um desafio. “A mulher se sentir reconhecida como mulher e estar conquistando seu espaço são avanços, porém muitas delas ainda destacaram que a questão da geração de renda ainda é um grande problema a ser enfrentado, muitas reclamaram do desemprego”, afirmou Terezinha.

Além desse diagnostico, as mulheres se reuniram também na busca de soluções. Uma delas foi levantar o potencial produtivo dos grupos e agendar reuniões para organizar a produção das mulheres.

Mulher na liderança - Na comunidade Sossego, em Retirolândia, a jovem Laiane de Jesus Santos é um exemplo de liderança feminina. Durante o encontro que reuniu 250 mulheres e que encerrou a programação no município ela deu seu depoimento. Aos 20 anos de idade, Laiane é presidente da Associação Comunitária de Desenvolvimento da Comunidade de Sossego. “Eu já tinha uma caminhada enquanto tesoureira e ao contrário da opinião de algumas pessoas que acham que a mulher não tem capacidade de assumir cargo de liderança, eu estou mostrando que posso ajudar a comunidade a crescer e conquistar novos projetos, como o de cisternas, por exemplo, que chegou nesses dois meses que estou na função”, contou a jovem Laiane.

O encontro também teve palestra, distribuição de brindes e alguns serviços de saúde, como aferição de pressão arterial e exame de glicemia. Sobre o tema “Mulheres descobrindo seus valores na construção de uma nova sociedade”, Maria Vandalva Lima, integrante da equipe de Gênero do MOC, falou sobre os 100 anos de luta desde a criação do Dia Internacional da Mulher e sobre acesso a políticas públicas.

“A atuação da mulher na construção da história é inegavelmente importante. São 100 anos de luta e celebração do Dia Internacional da Mulher, muitas foram as conquistas, que vão desde o direito de votar e ser votadas, a igualdade entre mulheres e homens como um direito assegurado na Constituição Brasileira de 1988, a Lei Maria da Penha /2006 que coíbe a violência contra a mulher, dentre outras conquistas. Porém, ainda constatamos um grande descompasso entre o ideal (garantido nas leis) e o real (aquilo que acontece na prática) no que tange a seguridade dos direitos da mulher. No que concerne o acesso às políticas públicas a mulheres continuam socialmente em desvantagem. A presença de mulheres nos espaços de proposição, elaboração, definição, execução e controle das políticas públicas é fundamental para que suas demandas sejam reconhecidas e incorporadas, e o acesso aos direitos seja garantido".