22 julho, 2010

Agricultores familiares conquistam acesso água para produzir alimentos

“Aprender coisas novas é sempre muito bom”, essa é a fala de Maria Julieta Nascimento, agricultora familiar do município de Araci, situado a 115 km de Feira de Santana. Ela participou de um curso que aparentemente é simples mais que pode revolucionar a produção de alimentos nos municípios com baixo índice de chuva, e em especial os situados na Região do Sisal, no semiárido baiano. 

Durante os meses de julho e agosto acontecem os cursos de Sistema Simplificado de Produção de Alimentos realizados pelo Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2), em seis municípios. O objetivo é aprimorar os conhecimentos existentes na área de produção de alimentos em pequenas propriedades rurais e construir novas técnicas através da interação entre o instrutor e os agricultores, valorizando os seus saberes.

Por curso participam 20 famílias todas elas foram beneficiadas com uma cisterna-calçadão, capaz de armazenar 56 mil litros de água da chuva que cai diretamente na calçada, com essa água agricultores e agricultoras familiares passam o ano produzindo, o que antes era sonho está se tornando uma realidade. 

O programa beneficiou durante 18 meses o número 283 famílias, que além das cisternas conquistaram também tanques de pedra de uso comunitário, onde dez famílias terão água para lavar roupa e outras necessidades; barragem subterrânea, uma contenção feita de lona que permite o solo manter-se úmido durante o período do plantio, e a bomba d’água popular, instalada em um poço e de repuxo manual, será fonte de água para matar a sede dos animais, essa tecnologia também é de uso comunitário.

Construir uma horta verão ou implementar um sistema de irrigação através de gotejamento foram algumas das técnicas ensinadas por Domício se Araújo, instrutor do curso. “Primeiro a gente faz a formação teórica, discute com eles o planejamento e a organização da propriedade e depois partimos para prática, a partir do que a família já faz na sua propriedade, e então identificamos de que forma ela pode melhorar, qual técnica pode aplicar, respeitando o que ela mais demonstra identificação”, afirma Domício Araújo, que também é agricultor familiar e diz sempre levar em consideração a história e o contexto do lugar, valorizando a inserção de praticas agroecologicas e a não-utilização de agrotóxico no momento de construir os canteiros de hortaliças, que são a preferência de muitas famílias, que através da sua produção abastecem o consumo da casa.

Em Araci, após o curso, as famílias estão direcionando essa produção para além do consumo da casa, elas querem fazer valer a Lei Federal 11. 947, que trata da aquisição de produtos para a alimentação escolar, a Lei permite que 30% dos produtos sejam oriundos da agricultura familiar. Nesse sentido eles pretendem buscar parceria com a Secretaria Municipal de Educação, ação encaminhada no final do curso. 
 
O aprendizado e as idéias de organização da produção para comercialização animam Maria Julieta a investir. “Gostei muito do curso, sempre que vem coisas novas é muito bom, aprendi a fazer leras para plantas as minhas hortaliças, quero criar ovelhas e abelhas, o que tiver de novidade eu quero tentar”, ressalta.

Da mesma forma pensa Maria Darci de Oliveira agricultora do município de Quijingue, que também participou do curso. “Foi demais, a gente aprende muito, antes eu plantava e minha hortaliça queimava toda por causa do sol forte. Agora já sei que devo fazer cobertura com lona ou palha”, afirma a agricultora.